A língua é
um sistema de signos. É a forma humana e social de comunicar idéias através de
um todo organizado de diferenças. Esse todo organizado é, por sua vez, um
sistema abstrato de distinções, abstrato posto que os significantes linguísticos e mesmo os significados não existem na coisa em-si e de distinções
posto que só sabemos que algo é uma coisa porque não é outra. A língua é
constituída arbitrariamente por convenções sociais e, portanto, tem origem
difusa e coletiva. Contudo, a língua é mais do que uma forma de
comunicação e, mais significativamente, enquanto tal é falha, pois gera o
dissenso interpretativo. A língua configura o mundo, constrói o real. Aqui
podemos recorrer ao auxílio de Wittgenstein, para quem o limite de nossa
racionalidade é o limite do nosso alcance linguístico.
Por outro lado, sob um aspecto mais técnico-analítico, podemos definir uma língua é um sistema de comunicação:
- fundamentalmente orais, complementarmente gráficos;
- compostos de símbolos com significados convencionalizados;
- que ocorrem dentro de uma determinada comunidade ou cultura,
estando a ela intrinsecamente ligados;
- ao alcance de qualquer ser humano e assimilados intuitivamente por
todos, de forma semelhante;
- em constante evolução aleatória e incontrolável.
- possuindo, diferentes línguas, entre si, características
universais.
Quanto à sua essência, uma língua é um fenômeno inerente ao
ser humano e semelhantee a ele próprio: sistemático porém criativo, dinâmico, complexo, arbitrário,
parcialmente irregular, mostrando um acentuado grau de tolerância
a variações e repletos de ambigüidades. Quanto à sua origem, línguas são habilidades criadas por
sociedades humanas, fruto da interação de seus membros. Quanto à sua função, a língua pode ser definida como sistemas de representação cognitiva do universo através dos quais as pessoas constroem suas relações. (Como uma freqüentadora de nosso site colocou, sem ter citado entretanto a fonte.) É um reflexo criativo influenciado pela cultura de seus falantes. Língua é também o principal instrumento de desenvolvimento cognitivo do ser humano. Como Vygotsky sustentou, existe uma profunda interdependência entre linguagem e pensamento, um fornecendo subsídios ao outro. Palavras que não representam uma idéia são como uma coisa morta, da mesma forma que uma idéia não incorporada em palavras não passa de uma sombra.
Noam
Chomsky defendia a presença do Language
Acquisition Dispositive (LAS) no cérebro humano, afirmando que toda pessoa já nasce com
uma gramática pré-estruturada e, ao entrar em contato com o mundo, ela é
ativada.Quanto à
ideia de que a teoria do LAD funciona somente uma vez, isto é, mostra-se
eficiente apenas com a língua materna, surge a dúvida a respeito da dificuldade
de se aprender uma segunda língua ou uma língua estrangeira. A ideia mais
aceita para justificar esse feito é a de que o LAD funciona como um fósforo:
após ativado pela primeira vez, não pode ser reutilizado.
A fala pode
ser oral ou escrita, sabendo que, nesta última acepção, não há inatismo, e sim
tecnologia; ninguém aprende a ler ou escrever de maneira espontânea, como
acontece com a oralidade. A escrita é um produto da cultura e está sempre
limitada a um contexto.
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