sexta-feira, 2 de março de 2012

AULA 3 - dia 24/02/2012 : RESUMO DA ENTREVISTA COM MARIO PERINI


PERINI, Mário A. Sobre língua, linguagem e Linguística: uma entrevista com Mário A. Perini. ReVEL. Vol. 8, n. 14, 2010. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br].

O que é língua?
É uma competência inata e abstrata que está enraizada na cultura e é formada por um sistema — fonético, morfológico, sintático, textual, contextual e discursivo. Em outras palavras, língua é a habilidade que nasce com a pessoa e que é responsável pela comunicação (inclusive em pensamento) do ser. O idioma é, portanto, a nacionalidade da língua.

Qual a relação entre língua, linguagem e sociedade?
A língua é uma das formas de manifestação da linguagem, que, por sua vez, é todo o sistema de comunicação. A sociedade necessita da linguagem para que exista uma relação entre os homens.

Há vínculo entre língua, pensamento e cultura?
Sim. A língua é um dos instrumentos com o qual o pensamento se expressa e também uma maneira de organizar a realidade.

A linguagem tem sujeito?
“Sujeito” é um termo muito amplo e não permite uma resposta exata para esta questão.

O que é linguística?
É o estudo dos códigos usados pelas pessoas para se comunicarem.

Linguística é ciência?
Pode ser considerada uma ciência empírica, focada em descrever o universo e criar teorias que expliquem tais fenômenos.

Para que serve a linguística?
Serve para aumentar nosso conhecimento e nossa compreensão de alguns aspectos do mundo.

A linguística tem algum compromisso necessário com a educação?
Quem tem compromisso não é a linguista, e sim os linguistas, visto que as principais aplicações linguísticas voltam-se para as questões educacionais.

Como a linguística se insere na pós-modernidade?
A tendência das artes marginalizadas é a de se integrarem com o mundo; por esse motivo, hoje se estuda linguística (psicolinguística, sociolinguística, análise do discurso, pragmática, etc.) com mais ênfase do que nas pós-graduações da década de 1970.

Quais os desafios da linguística para o século XXI?
O primeiro é valorizar mais o trabalho descritivo frente à elaboração de teorias e modelos de análise. Outro desafio é que, como com as demais ciências, ela se redefina à medida que o século avança.


O Dr. Mario Perini atualmente é professor no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi professor na PUC-Minas e na UNICAMP e professor visitante nas universidades de Illinois e do Mississippi (EUA). É autor de doze livros, dentre os quais Para uma nova gramática do português; Gramática descritiva do português; Sofrendo a gramática (Ática), Modern Portuguese, Talking Brazilian; Modern Portuguese – A Reference Grammar (Yale University Press). Publicou na Parábola Editorial: A língua do Brasil amanhã e outros mistérios (2004); Princípios de linguística descritiva (2006); Estudos de gramática descritiva: as valências verbais (2008); Gramática do português brasileiro (2010). 

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